Aparentemente "não estamos numa situação insustentável"1, segundo José Sócrates, aparentemente não temos uma taxa de desemprego que se situa nos 10,8%, aparentemente não temos uma maior incidência de situações de fraude e de evasão fiscal como desmentiu o ministro das Finanças em relação à quebra de -18,9% nas receitas do IVA em 2009, segundo afirmou o Banco de Portugal, e aparentemente as afirmações do Cavaco Silva não fazem sentido, i.e., que nos encontramos numa "situação insustentável" e que "é conhecida a situação difícil que atravessamos e a exigência dos desafios que temos à nossa frente. Um tempo em que muitos portugueses temem pelo seu emprego, em que muitos dos que estão desempregados receiam não voltar a encontrar trabalho, em que os jovens se interrogam sobre o seu futuro".
Bem o que é certo é que aparentemente eu não sei em que ficar: aparentemente estou confuso, aparentemente estou doido, talvez saia de casa todo nu e a assoprar nas vuvuzelas.
Aparentemente está aí o Mundial2 e estas questões politicas e económicas já não interessam a ninguém. Assopram-se em vuvuzelas, coloca-se bandeiras nas janelas e esperamos que o Cristiano Ronaldo leve Portugal a campeão mundial, que nos tire da crise económica, faça a multiplicação dos pães para alimentar as bocas subnutridas no continente onde se realizam os jogos e que traga presentes no dia de Natal.
Mas, tenho fé que a selecção tenha bons resultados em África do Sul porque estou confiante que o Carlos Queiroz ainda vá buscar a estátua do Cristiano Ronaldo da Nike e a figura de cera do CR7 da Madame Tussauds, em Londres. Com três Ronaldos na equipa acho que podemos dispensar o resto da equipa e os aperitivos de frutos secos nas lojas de gomas da Belros.
As provas de aferição de Língua Portuguesa pelos alunos do 6º ano apresentam, aparentemente, questões que nem vai lá Einstein: perguntas, e.g., em que se pede aos alunos para ordenar palavras por ordem alfabética ou então está listado nas provas os conteúdos do texto3. O "Nome Disso Mesmo" deixa então um conselho aos alunos: Aparentemente estão facilitados em relação às cábulas. Aparentemente só assim é que Portugal fica bem visto aos olhos da Europa e onde se consegue arranjar primeiros-ministros e ministros que queiram governar o país.
Mas também deixo um conselho à Ministra da Educação: que tal substituir os docentes por VHS onde se pode aprender Inglês com o Mickey, pelo tipo das barbas de "Era uma vez o corpo humano" da planeta Agostini, documentários do Canal História e as provas de avaliação devem começar por:
"Só se aceitam as provas que correspondem aos seguintes critérios:
1. O nome do aluno deve ser escrito pelo professor (não vá o aluno se enganar).
2. O aluno deve conhecer os seguintes conjuntos de teclas para copy-paste, CTRL+C e CTRL+V.
3. O aluno de aceder ao Wikipédia e copiar qualquer página, mesmo que não tenha haver com a questão, e colocar na prova de aferição."
Notas:
1. Citações em http://aeiou.expresso.pt/socrates-nao-estamos-numa-situacao-insustentavel=f587563
2. Poderão acompanhar o Mundial de Futebol 2010 em "Desporto: Notícias de última hora" aqui no blog (espero! :p).
3.Notícia em http://aeiou.expresso.pt/prova-do-6-ano-pede-para-ordenar-palavras-por-ordem-alfabetica=f580663
sábado, 12 de junho de 2010
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Concordo que é infeliz as provas serem facilitadas. É infeliz que falso mérito seja atribuído. É infeliz que se exija tão pouco da educação de uma criança, pois o que se receberá será ainda menos. É infeliz encher os olhos com os êxitos de um Cristiano Ronaldo, cujo o máximo que com ele partilhas é a nacionalidade e a língua mãe, se tanto. É infeliz ignorar que lentamente caminhamos para um fosso.
ResponderExcluirSe ao menos a vuvuzela se calasse! Ela embala-nos como um canto de sereia, todos estes cocos e modos e modas nos embalam.
Consegues imaginar alguém a tocar uma vuvuzela a levar-nos até ao rio como ratos para nos afogarmos? Sim, porque com este ensino não valeremos tanto quanto crianças...
Muito bom mesmo
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